O Prof. Tibi começou por enquadrar estes desafios no ãmbito de um contexto mais vasto, o contexto do “regresso da religião”. De acordo com a sua análise, a religião voltou a ocupar um lugar de destaque no espaço público europeu, de onde tinha sido afastada pelo secularismo, que a tinha remetido à esfera privada. Tibi defendeu que, com a globalização, existe uma mudança social muito rápida que não é acompanhada à mesma velocidade pela mudança cultural. Assim, existe um desfasamento entre os sistemas de valores individuais e a sociedade, que dá aos indivíduos uma sensação de insegurança. A religião surge aqui, especialmente para migrantes, como fonte de segurança, identidade, enraizamento.
Daqui resulta, para o Prof. Tibi, um desafio – „o que acontece com estas pessoas, vivem de acordo com os valores europeus, ou de acordo com valores religiosos importados?“.
De acordo com o Prof. Tibi, a solução para este desafio tem de passar pela „Europeização do Islão“: tal como esta religião se adaptou quando chegou a África e à Ásia e se integrou com os costumes e formas de estar locais, é fundamental que se adapte também à sociedade europeia. Esta “europeização” implica algumas concessões, entre elas a separação entre a religião e a política, a democracia e os direitos humanos.
No fim da palestra do Prof. Tibi os alunos tiveram a oportunidade de lhe colocar perguntas e de discutir com ele tanto temas que tinham sido abordados na sua intervenção, como a questão dos limites da liberdade religiosa ou as diferentes escolas de pensamento existentes dentro do Islão, como temas novos, por exemplo a possibilidade de falarmos de uma “identidade europeia” ou a sua opinião sobre Donald Trump, já que o Prof. Tibi viveu muitos anos nos EUA.
Bassam Tibi é alemão de origem síria e muçulmano reformista. Foi estudar Ciências Sociais, Filosofia e História para Frankfurt aos 18 anos e doutorou-se em 1971com uma dissertação sobre os movimentos nacionalistas no mundo árabe.
Seguiu-se uma carreira internacional, com passagem pelos EUA (Harvard, Cornell, Yale, Berkeley, etc.), Sudão, Singapura, Camarões, Indonésia, Turquia, Áustria e Suíça. Foi condecorado com a “Bundesverdienstkreuz Erster Klasse” em 1995 em virtude do seu “contributo para uma melhor compreensão do Islão na Alemanha e mediação entre as culturas”.